5. A insuficiência da lei
O que foi dito sobre a luz natural vale também com relação à lei dos Dez Mandamentos, dada por Deus por meio de Moisés, particularmente aos judeus. A lei revela como é grande o pecado, e convence, cada vez mais, o homem de sua culpa, mas não aponta o remédio nem dá a força para sair desta miséria. A lei ficou sem força por causa da carne, e deixa o transgressor sob a maldição. Por esta razão o homem não pode obter a graça salvadora mediante a lei.
6. A necessidade do Evangelho
Aquilo que a luz natural nem a lei podem fazer, Deus o faz pelo poder do Espírito Santo e pela pregação ou ministério da reconciliação, que é o Evangelho do Messias. Agradou a Deus usar este Evangelho para salvar os crentes, tanto na antiga quanto na nova aliança.
As Igrejas Reformadas têm um costume que as outras igrejas não conhecem; todos os domingos, no culto da manhã, o pastor lê os Dez Mandamentos. Por que ele faz isso? A resposta é: para que aprendamos a lei; porém, por que devemos aprender os dez mandamentos? A resposta certa é: para que conheçamos a nossa natureza pecaminosa.
Já ouvi alunos dizerem que é para que aprendamos a viver de acordo com a lei! Quando eles dizem isso, a minha resposta sempre é: você consegue viver de acordo com a lei? E alguns disseram: não, mas nós nos esforçamos; nós tentamos cumprir a lei! Chegando a esse ponto, eu sempre pego a Bíblia e aponto para o sermão de Jesus em Mateus 6. Ele fala sobre os mandamentos e deixa bem claro que o homem não é capaz de cumprir a lei. A lei revela como é grande o pecado, e cada vez mias convence o homem da sua culpa, mas não aponta o remédio nem dá a força para sair desta miseria. A lei nos ensina que somos miseráveis pecadores, incapazes de nos salvar; nós precisamos de um salvador.
Veja Gálatas 3, 23-24: “Mas, antes que viesse a fé, estávamos sobre a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, no futuro, haveria de revelar-se. De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não pernamecemos subordinados ao aio. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus”.
Um “aio” era um escravo responsável pela educação da criança, principalmente para corrigir e castigar o mau comportamento. Paulo diz que os dez mandamentos funcionavam assim. A lei aponta para os nossos pecados e aponta também para a única pessoa que cumpriu a lei perfeitamente: Jesus Cristo. Hebreus 5, 8 diz: Ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da Salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
A lei não pode nos salvar, porque somos fracos; a lei ficou sem força por causa da carne fraca do homem e coloca o transgressor sob a maldição. Por esta razão o homem não pode obter a graça salvadora mediante a lei. Aqui se manifesta a importância da doutrina do pecado original, que os Remonstrantes rejeitam. Veja a quinta heresia na Rejeição das Heresias: “O homem degenerado e carnal pode usar bem a graça comum (que é a luz natural, conforme os Arminianos)”.
A Bíblia diz que o homem perdeu a imagem de Deus; ele é cego e vive nas trevas (veja o primeiro artigo deste capítulo). A luz que traz a Salvação vem de fora, vem de Deus. Veja João 1, 1-5! Cristo trouxe a luz do mundo. A luz de Cristo é como um farol. Quem vê a luz do farol sabe onde está o porto seguro. Um navio no mar navega na escuridão, está nas trevas e pode se perder; mas quando o capitão vê a luz do farol, ele sabe para onde deve ir para ser salvo. Cristo é o farol salvador neste mundo; quem vive em escuridão, nas trevas, mas vê a luz de Cristo, sabe para onde deve ir para ser salvo.
João 1, 6 e os versículos seguintes falam sobre João Batista. “Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que vindo ao mundo, ilumina todo homem”. Deus enviou João Batista para pregar o evangelho aos Judeus; Deus também enviou os apóstolos para pregar o evangelho ao mundo. A pregação do evangelho serve para espalhar a luz de Cristo neste mundo para que as pessoas creiam nele (Veja Mt 13 e Romanos 10, 14-15).
João 1, 10 fala sobre isso também e diz: O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era o seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Veja João 3, 5-6).
O artigo 6 chega à mesma conclusão, dizendo: Aquilo que a luz natural nem a lei podem fazer, Deus o faz pelo poder do Espírito Santo e pela pregação ou ministério da reconciliação, que é o Evangelho do Messias. Agradou a Deus usar este Evangelho para salvar os crentes, tanto na antiga quanto na nova aliança.
Quando se fala sobre os crentes da antiga aliança, devemos pensar em todos que conheciam as promessas de Deus a respeito da vinda do Messias. Pensem em Abraão (João 8, 56!). Em João 8,56, Jesus se revela como o EU SOU; ele é o Jahweh do Antigo Testamento. Moisés o viu, o povo de Israel o conhecia. Isaías viu a sua glória (12,41); os outros profetas profetizaram sobre ele. Ana e Simeão esperavam a vinda dele. O Evangelho de Cristo foi pregado no AT, desde Gênesis 3,15, e será pregada até o dia final e trará salvação a todos que crêem no seu nome.