- Protesto não, e sim, adoração
Àqueles que reclamam contra a graça da eleição imerecida e a severidade da justa reprovação, nós replicamos com esta sentença do apóstolo: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!” (Rm 9.20). E com estas palavras do Salvador: “Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu?” (Mt 20, 15). Nós, entretanto, adorando reverentemente estes mistérios, exclamamos com o apóstolo: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.33-36).
Sempre houve pessoas, e ainda hoje elas existem, que não estão satisfeitos com os planos de Deus. Elas reclamam contra a graça da eleição imerecida. Elas acham que Deus é injusto, porque Ele escolheu uns e outros não, enquanto todos são iguais. Deus não é todo-poderoso? Então por que Ele não salvou a todos? Quem faz essa pergunta assim acredita que o homem merece isso, mas a questão é o contrário! O homem não merece nada, então ele devia se perguntar porque Deus não destruiu tudo! Por que Deus não terminou com o projeto “terra” depois da queda do homem? Por que Ele não exterminou tudo?
Existem várias respostas para essa pergunta. Em primeiro lugar: Deus é fiel. Ele terminará o que Ele começou. Ele criou a terra e a levará ao final, à nova Jerusalem. Em segundo lugar, Deus é amor. Deus, em sua misericórdia, predestinou alguns e os chamará, e salvará as suas vidas.
Como eu já disse, existem pessoas que reclamam disso. O Sínodo não quer discutir sobre isso com argumentos humanos. O homem que está murmurando se assentou no trono de Deus e quer analisar e julgar o Todo Poderoso com a sua mente limitada.
Existe uma situação mais ou menos semelhante que encontramos no livro de Jó. Deus se levantou e disse: Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argúi a Deus responda! Então, Jó respondeu ao Senhor e disse: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a minha mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei. (Jó 40, 3-5). Veja também a resposta de Deus (Jó 40, 8-14)! Deus manifesta a sua majestade como Criador e, no final, (42,2-4) Jó responde e diz: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia”.
O Concílio se humilhou diante de Deus como Jó e usa as palavras de Paulo, que diz a mesma coisa: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!”. O apóstolo diz isso, enquanto ele fala sobre a eleição de Israel. Tem que ler o trecho inteiro em Romanos 9, os versículos 14 -29, para descobrir que Deus é soberano. Deus é o Oleiro, e Ele tem direito sobre o barro. Ele faz o que quer.
Jesus disse a mesma coisa em Mt 20, 15: “Porventura não me é licito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os seus olhos porque eu sou bom?”. Estas últimas palavras são reveladoras. A reação dos murmuradores vem do coração corrupto, que está cheio de inveja. O homem quer julgar a bondade de Deus!
Então, a conclusão é que somos como crianças, que não têm condições para julgar o que o pai está fazendo. Elas só observam algo, mas não entendem os motivos do pai. Elas acham injusto que o pai dá dinheiro a certas pessoas, mas não entendem que o pai faz isso para salvar a vida delas.
O Sínodo nos exorta a ser humildes. Não devemos murmurar, mas adorar. O texto de Romanos 11, 33-36 nos coloca diante das profundidades de Deus. É uma linguagem profética que vêm das profecias de Isaías e Jeremias e do livro de Jó. Três homens que observaram a majestade e grandeza de Deus e que confessaram: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém”